Nos últimos dias observamos o crescimento da manifestação, chamada pelo Movimento Passe Livre, contra o aumento da tarifa dos transportes públicos, iniciada após os decretos do prefeito Fernando Haddad (PT) e do governador Geraldo Alckimin (PSDB), que elevaram a passagem do ônibus e do metrô de R$3,00 para R$3,20; muito além de um mero reajuste de R$0,20 - valor que, por menor que seja, pesa no bolso daqueles com menor renda mensal, visto que eles são, também, os que mais dependem do transporte público.
O protesto mostra que há uma parcela da população, neste caso, formada maioritariamente por jovens, que acredita na via democrática de manifestação para a melhoria do transporte público e no poder da mobilização popular para quebrar o jogo de interesses vigentes entre poder público e iniciativa privada, haja vista a busca desmedida de lucro das empresas de ônibus, e que faz renascer a esperança em muitos que acreditavam que a população brasileira não era politizada o suficiente para protestar.
As aproximadas 10 mil pessoas que foram às ruas de São Paulo no dia 13 de junho tinham em mente pressionar os governos municipal e estadual, pediam para que eles ouvissem seus pedidos, que, após 3 manifestações, continuavam sendo ignorados. O crescimento do número de manifestantes presentes, somado ao maior pacifismo do ato, fez com que a repressão executada pela Polícia Militar tenha se mostrado ainda menos arrazoada e anda mais brutal. Em nome de uma falsa proteção do patrimônio público, a PM ultrapassou todos os limites da razoabilidade ao atacar, utilizando-se de táticas de guerra e de tortura física e psicológica, manifestantes que exerciam, de maneira pacifica, o direito constitucional e democrático de se manifestarem.
Curioso, também, é notar o tratamento dado pelos grandes meios de comunicações aos protestos. Independente do crescente apoio popular que o movimento vem ganhando, as manchetes dos grandes jornais buscam sempre desqualificá-lo - até ter seus jornalistas também atingidos pela violência policial. Incompreensível, contudo, é a posição adotada pelo nosso prefeito e pelo nosso governador, que, reverberando o discurso da mídia, classificaram os manifestantes como vândalos, fechando-se para o debate.
Os sucessivos atos pela redução da tarifa dos transportes públicos vêm, além de tudo, representando uma luta pelo aprofundamento da nossa ainda frágil democracia, uma luta pelos direitos inerentes a um Estado Democrático de Direito. Por acreditar que tais manifestações não são apenas legitimas, mas essenciais para a construção de uma sociedade mais igualitária e justa, é que o Coletivo Contraponto, por meio desta nota, declara seu total apoio às manifestações recentes, e se posta como mais um dentre tantos outros coletivos a lutar pelo direito de acesso à cidade, se fazendo presente nas manifestações que estão por vir e chamando para que tod@s participem. Quando o povo vai pra rua, ele tem que ser ouvido.
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