A última Assembleia Geral dos Estudantes foi bastante proveitosa em suas deliberações. O movimento estudantil demonstrou maturidade ao propor para a Congregação reformas institucionais que efetivamente visam a democratizar as instâncias deliberativas de nossa Faculdade. Acreditamos que é por via do empoderamento dos estudantes e trabalhadores que efetivamente podemos conquistar vitórias reais. A aprovação das propostas de três comissões paritárias pela AGE, ou seja, espaços onde estudantes, trabalhadores e funcionários tem o mesmo peso decisório, já são importantes vitórias.
A primeira é a Comissão relativa à nomeação das salas hoje sem nome (somam-se atualmente 5). Mais do que uma mera formalidade, os nomes de salas tem uma profunda força simbólica. Representam quais trajetórias e condutas devem ser lembradas e qual a avaliação que o Largo de São Francisco faz de sua história. A ausência de nomes femininos nas salas não é um fato gratuito. A falta de homenagens a estudantes desaparecidos e mortos pelo regime militar também não. Uma comissão com essa função é importantíssima para que possamos democratizar também os valores que achamos mais adequados de serem propagados e eternizados.
A segunda Comissão é a de acompanhamento do Orçamento Público. Sabemos que não há somente um problema de falta de verbas públicas e os recursos públicos muitas vezes são geridos de forma sistematicamente ineficiente. Boa parte das verbas que chegam para nossa Faculdade não são nem mesmo executadas, sendo uma das explicações para isso a ausência de uma fiscalização concreta das pessoas diretamente interessadas. Um espaço em que estudantes possam assumir essas funções aprofunda bastante nossa capacidade de crítica e de intervenção propositiva na gestão pública.
A última Comissão é a de regulamentação dos investimentos privados. Apoiada pelo Coletivo Contraponto, ela não se trata de um incentivo à privatização da Univesidade pública, como falaciosamente foi propagado por alguns setores. A comissão visa a criar mecanismos paritários de controle contra investimentos abusivos e que sejam contrários ao projeto de universidade que consideramos o mais adequado. No limite, os estudantes e trabalhadores poderão livremente vetar "doações" quando for necessário. Não há porque ter medo de empoderar estudantes e trabalhadores por meio de um instrumento com maior participação e, consequentemente, maior transparência. É por meio de um real fortalecimento da participação institucional dos estudantes que podemos efetivamente alterar a realidade posta. Protestos e palavras de ordem nunca bastaram.
As deliberações da AGE não devem encerrar as discussões e os debates. A questão é garantir que elas sejam aprovadas na Congregação e devidamente efetivadas. O Coletivo Contraponto acredita num movimento estudantil sóbrio, consciente e responsável. Essas vitórias, na nossa avaliação, dão materialidade à construção que consideramos mais correta.
Na Assembleia foi também denunciado que uma pessoa estaria filmando as pessoas votarem sem a autorização destas. Consideramos essa postura uma violência bastante desrespeitosa, que deve ser inclusive repudiada pelos mais amplos setores do movimento estudantil e da comunidade acadêmica.
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